Como uma equipa de inovadores superou a possibilidade de criar água a partir de ar rarefeito

Hoje em dia, 790 milhões de pessoas – 11% da população mundial - vivem sem acesso a água potável.

Há dois anos atrás, a XPrize, uma organização internacional sem fins lucrativos, anunciou uma competição global incentivando inovadores a descobrirem uma forma, barata e sustentável, de levar água potável aqueles que ainda não podem desfrutar dela. Os céticos disseram aos organizadores da competição que era tarefa impossível.

Após cerca de 100 candidaturas, a XPrize encontrou precisamente o que procurava - empreendedores que conseguissem projetar um dispositivo minimalista, que de forma segura, extraísse por dia 2000 litros de água da atmosfera. Isto com um custo inferior a 2 cêntimos por litro e usando 100% de energias renováveis.

A organização anunciou agora os vencedores do prémio de 1,5 milhões de dólares.

Das 98 propostas provenientes de 27 países, a Skywater/Skysource Alliance – uma equipa de peritos em sustentabilidade de Venice Beach, California, liderada pelo arquiteto David Hertz e pelo inventor Rich Groden - superou a competição depois de ter ultrapassado vários obstáculos para finalmente chegar ao prémio final.

Zenia Tata, uma das responsáveis da XPrize, declarou que os desafios que enfrentaram puseram realmente à prova o grupo de investigadores. Nada de hipotético, incompleto ou disfuncional foi sequer considerado. Nunca ultrapassariam o prazo, mesmo se existissem erros fora do âmbito da equipa, e nunca seriam consideradas exceções. “Se não conseguissem vencer no próprio dia da corrida, não poderiam ganhar o XPrize”, afirmou Tata. As restrições rigorosas excluíram três dos cinco finalistas. Na semana final de testes, em que o objetivo era ter o dispositivo a funcionar durante 24 horas consecutivas, a Skywater/Skysource Alliance ganhou vantagem sobre o outro finalista, a JMCC Wing (uma outra equipa americana que o júri inicialmente acreditava que iria ser a vencedora) depois de um disjuntor do moinho de vento da equipa se ter avariado no último minuto.

O dispositivo vencedor, denominado Skywater machine, simula a temperatura em que se dá a condensação, criando água, e filtrando-a posteriormente com um baixo consumo de energia.

Hertz disse à XPrize que a Skywater/Skysource está a tentar mudar a relação que o mundo tem com a água. E prosseguiu afirmando: “acreditamos que a água é um direito humano fundamental e que deve ser descentralizado, abundante e democratizado”.

Uma versão menos avançada do produto está atualmente no mercado e tem sido patrocinada por muitos ativistas – como Miranda Kerr – que apoia a tentativa comercial da companhia para revolucionar a água. O prémio monetário irá, com certeza, ajudá-los na continuação desse esforço. E, apesar da sua contribuição para o acesso a água potável, ser, por si só um esforço digno de nota, Tata afiança que a competição está apenas a começar. Ela espera que várias das invenções apresentadas na competição sejam bem sucedidas no mercado, assim que os empreendedores tenham mais tempo, recursos e investidores.

Agora que podemos partilhar a prova de que pode ser feito, esperamos que leve à criação de um novo mercado, afirmou Tata. Mas sabemos que isso não acontecerá do dia para a noite.


Fonte: Mashable