Novos chips Wi-Fi da ​​Qualcomm​​ pretendem rivalizar com velocidades 5G

Impactwave

A Qualcomm está a lançar uma nova família de chips que podem aumentar incrivelmente as velocidades de Wi-Fi (até 10 gigabits por segundo) nos telefones, portáteis, routers e outros dispositivos. É o início de uma nova geração de tecnologia Wi-Fi super rápida, mas não vai ser usada para aumentar a velocidade da típica navegação na Internet.

Atualmente, a tecnologia Wi-Fi está próxima de uma grande alteração: ao longo do próximo ano veremos diferentes dispositivos, como os acima citados, começarem a suportar algo denominado como Wi-Fi 6, que é suposto tornar as velocidades relativamente, mas não incrivelmente, mais rápidas do que as que dispomos hoje. Estranhamente, não é esse o tema deste artigo. Ao invés, existe uma outra norma de Wi-Fi que está a ser atualizada, norma essa que não se destina ao uso quotidiano, seja em nossa casa ou no nosso café favorito. Este tipo de Wi-Fi foi criado para finalidades muito específicas, como, por exemplo, para substituir um cabo de um headset de realidade virtual, por uma ligação wireless de alta velocidade. Podemos pensar nisto mais como uma ligação sem fios com uma funcionalidade muito particular, do que propriamente uma ligação Wi-Fi tradicional.

O Wi-Fi já tem sido usado para esta finalidade durante os últimos anos, usando uma tecnologia chamada WiGig. Esta tecnologia(WiGig), assenta num padrão de ligação conhecido como 802.11ad, que pode atingir velocidades até 5 gigabits por segundo, com um alcance de cerca de 10 metros, segundo afirma Dino Bekis, responsável do grupo Qualcommpara a conetividade móvel e de computação.

Os últimos chips da Qualcomm levaram a WiGig para uma nova geração dessa tecnologia wireless, denominada 802.11ay, que, segundo Bekis, pode atingir o dobro da velocidade e do alcance, podendo chegar até aos 100 metros. A Wi-Fi Alliance diz que o novo padrão “ aumenta a taxa de dados máxima do WiGig e melhora não só a eficiência do espectro como reduz sua latência”.

Então por não usá-lo como Wi-Fi comum, dada a velocidade que atinge? A resposta reside no facto desta gama ser somente line-of-sight (linhadevista),sósendo utilizávelquandonãoexisteliteralmentenada entre o emissor e o receptor. Este Wi-Fi de alta velocidade é baseado em ondas milimétricas na gama dos 60GHz, significando que é realmente muito rápido, mas que também se depara com muitas dificuldades quando tem que penetrar obstáculos como uma parede. E isto é um problema quando se pretende uma tecnologia wireless para uso genérico. Por isso o padrão 802.11ay, tal como o 802.11ad, antes dele, têm sido usados somente como complementos da tecnologia Wi-Fi existente. Se for uma das pessoas que tenha necessidade de velocidades de wireless extremas, então talvez possa dar-lhes utilização. Apenas terá que ter em conta que, para conseguir esse tipo de velocidades, provavelmente vai necessitar manter na mesma divisão, quer o router, quer o dispositivo receptor para que tudo funcione corretamente sem a “questão das paredes” de permeio.

Ainda não é claro se vingará, já que, se por um lado existe espaço para ser adotada pelos jogadores com VR,as primeiras versões desta tecnologia tiveram pouco impacto nos primeiros anos de disponibilidade no mercado. Recentemente a Asus utilizou-a de um modo interessante com o seu ROG Phone,que é essencialmente desenhado para jogadores. A Qualcomm diz estar a trabalhar conjuntamente com o Facebook no sentido de usar esta tecnologia no projeto Terragraph, que irá fornecer ligações de Internet domésticas, via wireless.

A tecnologia WiGig também estará, em certos aspetos, a competir com o 5G, que utiliza de um modo muito semelhante as ondas de rádio, para oferecer velocidades muito semelhantes, para distâncias igualmente equivalentes. O 5G não foi concebido para ser usado em casa, com este tipo de finalidade, e será onde o WiGig poderá encontrar o seu lugar. Mas os dois padrões poderão vir a competir para ser a opção na distribuição de Internet de uma torre para uma casa, que é o que fazem o Terragraph do Facebook com o WiGig e a Verizon com o 5G.

Por agora, não temos que nos preocupar com nenhuma destas questões. Se pensar em adquirir um router no próximo ano, apenas terá de procurar pelo logotipo do “Wi-Fi 6”. Se o WiGig ganhar expressão e acabar por ser incorporado num produto que adquira, provavelmente será uma das funcionalidades que será publicitada; será muito possível que igualmente tenha que adquirir algum novo equipamento para poder funcionar e, seja como for, irá ser mais um complemento ao Wi-Fi 6 e não um substituto definitivo para o mesmo.


Fonte: The Verge