Máquinas autónomas, semi-autónomas e robots, podem tornar-se “máquinas morais” através do uso de árvores de decisões anotadas, contendo pressupostos éticos ou justificações para a sua interação com animais.
A ética das máquinas é uma disciplina nova e dinâmica que se direciona essencialmente para as pessoas e não para os animais. No entanto, é importante que os animais estejam protegidos e isentos de risco quando encontram essas máquinas, visto que os animais não podem tomar decisões informadas, nem reagir do modo que um humano reagiria.
Diversos protótipos de máquinas autónomas e semi-autónomas, que não alarmam os animais no seu habitat, têm sido desenvolvidas na Universidade FHNW , em Brugg-Windisch, Suíça. Os protótipos são um aspirador robot “amigo” das joaninhas, um carro autónomo e o estudo de um drone com a finalidade de fotografar a natureza, e ainda possuir sistemas avançados de assistência à condução.
O artigo “Towards animal-friendly machines” (rumo às máquinas amigas dos animais) do Professor Oliver Bendel, da FHNW School of Business, publicado no Journal of Behavioral Robotics, descreve como as citadas árvores de decisões anotadas, para máquinas morais amigas dos animais, estão a ser desenvolvidas, e comparadas, enquanto tornam as justificações morais transparentes.
O modelo para o drone, por exemplo, foi apresentado em 2015 com instruções para ignorar humanos, evitar colisões com pássaros em voo e ainda identificar animais mais nervosos e agitados, para os fotografar somente de uma altura apropriada.
O aspirador robot foi programado para identificar joaninhas pela sua cor, interrompendo o aspirar até o inseto prosseguir o seu caminho. Para além disso, o proprietário poderia controlar a “moralidade” da máquina, pré instruindo-a para preservar as joaninhas, mas para continuar a aspirar outras espécies invasivas ou indesejáveis. Isto pode não parecer muito amigo dos animais, mas regras morais absolutas podem não ser aplicadas de uma forma consistente, por exemplo, no caso de se justificar a necessidade de ter uma casa completamente limpa de insetos.
Quanto ao principal foco do estudo e design do Robocar centra-se na programação de advanced driver assistance systems (ADAS), ou sistemas avançados de assistência à condução, em termos de decisões que possam tomar relacionadas com animais. O estudo postula que os ADAS possam reconhecer sinais de aviso para migrações de sapos, populações de ouriços, ou travessia de veados, adaptando as reações do carro (travagem de emergência, redução de velocidade,etc.) de forma adequada à situação. Resumindo, os sistemas ADAS devem identificar as espécies animais diretamente e reagir em conformidade com a situação.
“Tanto a robótica como a ciência computacional devem estar sensibilizadas para a proteção animal, e os defensores da ética animal devem estar a par dos desenvolvimentos, quer da robótica quer da inteligência artificial, bem como estar envolvidos em ambos” afirmou o Professor Bendel.
Fonte: ScienceDaily